"É contra mim que luto.
Não tenho outro inimigo.
O que penso,
O que sinto,
O que digo
E o que faço,
É que pede castigo
E desespera a lança no meu braço.
Absurda aliança
De criança
E adulto,
O que sou é um insulto
Ao que não sou;
E combato esse vulto
Que à traição me invadiu e me ocupou.
De criança
E adulto,
O que sou é um insulto
Ao que não sou;
E combato esse vulto
Que à traição me invadiu e me ocupou.
Infeliz com loucura e sem loucura,
Peço à vida outra vida, outra aventura,
Outro incerto destino.
Não me dou por vencido,
Nem convencido.
E agrido em mim o homem e o menino."
Poema: Guerra Civil
Peço à vida outra vida, outra aventura,
Outro incerto destino.
Não me dou por vencido,
Nem convencido.
E agrido em mim o homem e o menino."
Poema: Guerra Civil
Miguel Torga
Essa fuga de nós mesmos, essa luta constante talvez seja o desejo escondido de nos conhecer por inteiro.
ResponderExcluirNão vejo como uma fuga, eu vejo como o desafio diário que temos que fazer para sentir a vida fluir dentro de nós!
ResponderExcluirMuito bom!
Bejo!
A declaração de Torga em Orfeu Rebelde,
ResponderExcluir"Nasci subversivo.
A começar por mim -
meu principal motivo
de insatisfação." para mim, explica a poesia.
Eterno buscador, das coisas impossíveis.
Gosto de Miguel Torga e gosto de vir aqui.
Abraço.
Amei aqui , estou a seguindo , beijo.
ResponderExcluirPerfeito Poema. Não conhecia. Título melhor, não poderia existir.
ResponderExcluirUm abraço,
Concordo com a Malu Machado. Tudo em perfeita harmonia.
ResponderExcluirLembra-me um trecho da Bíblia(Romanos 7). Todos nós temos um senso perfeicionista que condena a parte desleixada. Não há como fugir disso, apenas aminar a situação.
ResponderExcluirPasseio pela poesia aqui presente. Presente de poeta é poesia.
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